No âmbito da obra de construção do parque de estacionamento do EdifÃcio S da empresa HOVIONE Farmaciência S.A., sita no Campus do IAPMEI – Lumiar, foi descoberta em Janeiro de 2017, puramente por acaso, parte de uma estrutura, à data, não identificada. Por indicação do dono de obra, foram de imediato suspensos os trabalhos de construção a decorrer no perÃmetro envolvente, delimitou-se a estrutura e iniciou-se uma escavação arqueológica para tentar cautelar a preservação do que se percebeu ser um bem arqueológico de grande importância – determinou-se, depois de uma limpeza superficial, que se tratava de um Forno de cerâmica de cronologia possivelmente romana.
À medida que os primeiros trabalhos arqueológicos avançaram, foram sendo recolhidos materiais cerâmicos em grande número e rapidamente se percebeu que a tipologia da estrutura se enquadrava na dos fornos romanos de produção de cerâmica de construção, neste caso, num estado de conservação excecional. A grelha de cozedura encontra-se intacta, no entanto a boca do forno (Praefurnium), onde era colocada a lenha que servia de combustÃvel, abateu parcialmente, provavelmente devido a remeximentos de terras sucessivos ao longo dos anos.
Os exemplos de materiais de construção, como telhas (imbrex e tegulae) e tijolos (lateres), são muitos, e serão estes o melhor indicador do que se produziria neste forno, mas, paralelamente, surgiram peças de interesse significativo, embora bastante dispersas e fragmentadas, como
ânforas (Dressel 20 e 14), recipientes de armazenamento de alimentos (dolia), cerâmica comum, e também parte de um fundo do que será uma taça em terra sigillata.
A intervenção restringiu-se apenas ao forno e à sua envolvente, mas será provável que, tendo em conta o diverso espólio recolhido, os topónimos locais, como Telheiras e Vale do Forno, por exemplo, entre outros dados, esta estrutura tenha feito parte de um complexo habitacional mais extenso, talvez uma villa romana.